terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Já Noite...


Trazida pelo vento e chuva, regressei tarde ao meu canto. Inconformado, mas sem dúvida o mais seguro. Assusta-me o tempo, as notícias, o peso, as más atitudes, a incompreensão dos grandes e dos pequenos. Aflige-me a impotência, todas elas.
Que fazer das desvergonhas dos outros, os políticos de algibeira? E as pessoas que não reagem à porcaria em que vegetam? Não têm cheiro? Raiva? Revolta, talvez.
Os sonhos não me animam. Quedei com o passar do tempo e as manhãs mal despertadas. O som rude que atravessa o dia é incompreensível na maior parte das vezes. Acaba-se o fio que conduziu as minhas vontades. Quando se autonomizaram e me ultrapassaram, cegaram com um nó a forma em que se distribua as qualidades, as ânsias, os sonhos. A autonomia pesada desta força outra que se desenvolveu como um linfoma, roeu a génese de mim e criou outro ser, este amargo, fraco e doloroso que se deixou assustar com a força das marés que assolaram despoticamente as esperanças de menina-mulher, jovem, confiante, organizada e ciente de que, bem fazendo, algum calor mereceria. Tão feio o que surgiu!
Abunda o exterior de mim. Rareia o interior iluminado.
Perco a vontade de ser, pela rarefacção do ter.
Refreio.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Primeiro de Novembro


Juntámo-nos a vós que amamos!

domingo, 29 de agosto de 2010

Flores


Para mais tarde recordar!

sábado, 28 de agosto de 2010

enlace 26

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ressaca

Dói menos estar viva e acordada, hoje.
Deviam tratar-me melhor os que me amam...
Sou Lamechas, sem dúvida, mas, sofrida, inquestionavelmente.
O des-largar das pequenas coisas, a indiferença de estar num ou outro espaço, são sentires lúcidos, mesmo que envoltos na quietude da letargia anímica e química.
O lago que, de quando em vez, se espraia na estreiteza dos vincos do rosto, é bordado de esconderijos de lenços, também eles tristes de tanto serem amarrotados. Não posso deixá-los incólumes; são demasiado puros e eu preciso da sinceridade da sua ajuda.

Vou acalmando.

domingo, 22 de agosto de 2010

Atordoamento

Prenhe de medicação, calmantes e anti-depressivos, pairo no pesadelo dos sentimentos abruptos e dilacerantes.
O despoletar da crise nasceu dum pormenor com relativa,mas não demasiada, importância. A análise posterior feito pelos internos familiares, essa assim, foi mais expandida e profunda. Dei-me conta - dito claramente - que sou um elemento deste ninho, muito rígido e perturbador do bem estar dos demais. Como são dois, fico em minoria. Será como naquelas situações em que as minorias têm razão? Parece-me que não. Outros familiares próximos acham que não dou valor aos que protejo...

O mal é meu. Desestabilizo, sou bruta, implacável e incomodo a bonomia dos outros! Sou desfasada!

Baralho-me e rodopio na procura de ser mais e melhor. Falham alicerces de vida, de acalmia e aprendizagem pessoal. Sobram as insuficiências.

O panorama é desolador. A minha-estima não exista. A insegurança é brutal.
Não quero ser o que sou.
Não gosto da minha vida.
Não tem cambiantes doces, aventuras ponderadas(nem das outras).
Pareço estar morta à espera da escuridão dos bichos.
Só falta parar de respirar, essa coisa física que teima em impedir aquilo que o cérebro equaciona.

sábado, 21 de agosto de 2010

Aparência

O corpo diz muito da alma. Esta transborda e personifica-se numa matéria finita que se decompõe de uma forma hemorrágica e insustentável.
Aquilo que sinto constantemente a inquietar-me, só pode ser a voz da minha alma! Também não sei que outro nome dar-lhe... acho que está bem esse. Chega.

O meu corpo está a escorregar, foge dos seus limites e desbloqueia-se da estrutura inicial. Desgosta-me. Não me deixa requebrar nos dias da vida. Impede-me. Está rigidamente geométrico e parece não querer fazer-me a vontade de bem baixar, bem levantar, bem dançar, pois até me retirou o ritmo da dança da vida.
Será que o faz para me escarnecer? - Castiga-me pela falta de equilíbrio, que, parece. demonstro?
Como posso ser mais certa, para me acertar aos outros?( leia-se, comunidade)

E a vida sócio-política, de hoje, que me exaspera de impotência e de falta de justiça?
Por que dos fracos não reza, ou pouco reza, a história?
Vale a pena lutar? Sim. Sim. Mas, só o desabafo se expande. Eu, nós, ficamos na escuridão do anonimato e não vencemos a mortalidade.
Exaspera.

Tristeza

Esta tristeza que me acabrunha e limita. Entope o cérebro, baralha-me o sentir, o pensar, a memória. ( Dizem-me que não vivo, não apreendo a vida, porque não tenho memória)

É tão grande a minha vontade de desistir de viver. Parece que atrapalho. Quem? Os que me cercam mais de perto.

Sinto-me inhábil para a vida. Não pareço ser grande coisa...

E sou pouca coisa como pessoa. Não me reconheço naquilo que me imaginava ser. Estou aquém.

Falta-me algo semelhante à necessidade do ar para respirar. ... (Serei eu que me faço falta?)

Preciso da bengala dos antidepressivos. (Será?) E os calmantes? (Será?) E, depois a memória ressente-se, porque esqueço! Mas, por outro lado, sem isto, não consigo sossegar e aparentar ser uma pessoa normal: calma, com tempo para tudo, sem ataques de pânico....

Que confuso e insuficiente é viver!

Pânico

O meu sistema nervoso revolta-se. Torce-se de raiva, dor e irritação. salta-me o peito, o coração acelera, a garganta entope; falha o ar, rareia e preciso de elevar o dorso e a alma para extrair o ar que me tranca a fala. Transida de falta, falha, adivinha-se o soluço seguinte: cresce o calor físico, desemboca nas narinas e boca e, algumas, poucas, vezes, surge o grito amarrado, calado, as pernas que estrebucham de inquietação e o frémito do corpo que se espasma num pânico intenso, desmedido que me impelem na procura de ajuda: o copo de água, o respirar aceso da angústia que arde e desatina. O frasco dos calmantes.

Momentos depois, adormeço na dormência do corpo que quebra.

Acordo. Acordo sempre. E, continuo a vida que está ainda ali, à minha espera com as patranhas que prepara para me alucinar.

Adolescência

O meu filho afasta-se de mim.
Está a crescer e aborrece-se comigo e com o Pai.

Queria gente da sua idade. As primas têm sido opção agradável.

As férias connosco foram preenchidas com grandes momentos de mutismo. Mesmo alguma má disposição.
Pressentia-se a vontade de fazer outras coisas(bares, beber, conhecer outras pessoas...). Havia uma exaltação bem retraída na postura que muito denunciava a vontade de saltar o muro e viver o inesquecível...
Nosso medo de avanços... Bem sei que temos de o deixar voar, mas com limitações de passadas graduadas. o Pai acha e eu também.
Tentei os desportos aquáticos. mas não quis. Percebi que era a minha companhia maternal que colidia com a sua vontade. - Adolescência!

Já fui assim.
Tive vontade de ser enorme, perfeita, bela, incomparável..... Futuro risonho.....
Estatelei-me. Só dei conta passado alguns anos. Porque, isto da vida, só se sabe depois.

Outros

Já não sou aquela pessoa que eu achava que os outros tinham como confiável. Segundo eles, tornei-me uma pessoa rígida, pouco flexível e incapaz de aceitar pacificamente um acontecimento com o qual não estou de acordo ou que de todo não esperaria.
Mentem-me. Para não terem que me ouvir a fazer escarcéu.
Acham-me ditadora. Dizem que quando chego a casa a primeira coisa que faço é controlar as coisas do espaço familiar e, apontar reparos, que acham demasiados e incómodos. Tornei-me numa pessoa de quem eles têm algum receio e, por isso, evitam, escondem ou mentem para evitar confusão.

É curioso, sempre me vi como organizada e, sabendo que deles não posso esperar grande(ou nenhuma ajuda), tratei de conciliar todas as situações de casa evitando incomodá-los, pois sabia que tal não lhes agradava ou preferiam protelar as coisas. Tentei algumas vezes esperar por ajuda, mas como a tarefa acabava por não se fazer, isso perturbava-me, pois o seu incumprimento acabava por baralhar o sistema de organização da casa.
Necessito de ver as coisas minimamente arranjadas. De outro modo não me arrumo mentalmente. Sei que caio em exageros, mas também os reconheço e aceito a crítica.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Velhice


Não tem nada de bonito a velhice.
Apelamos à importância do Saber, da Experiência, da Temperança, mas as marcas das rugas, a cor acastanhada e enrugada da pele, o corpo lasso, curvo e frágil, não são espectáculo bonito de se ver. Escapam aspectos limpos e desempoeirados, perde-se a visão e o rasgo intelectual. Sentimo-nos abandonados e impotentes. Vemos e pressentimos que já não somos parte activa da vida.
O corpo respira, mas sem vigor. O sofrimento da vida não vivida é penoso. As insuficiências e decepções marcam como se se tratasse de um ferro quente.
Não há voltar atrás.
Passou o Tempo. A única coisa certa da vida.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Formas redondas



Pinturas de Armanda Passos e Paula Rego.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Gordura

(escultura de Botero)

Há vários tipos de gordura: aquela que lubrifica e decora o corpo, a utilizada para fazer a comida, o aspecto ensebado de quem não tem higiene e a mental, que escorre de algumas verborreias inflamadas sem nada de importante a comunicar aos outros, a não ser um sebo gelatinoso que enlameia a necessária limpeza de discernimento.
Infelizmente, sofro um pouco da primeira, mercê do acumular de alguns pesos excessivos de pecados de boca e de um corpo que implacavelmente se deforma nas mudanças que o tempo lidera sem permitir intromissões. Salva-se, para poucos, a ajuda cosmética da engenharia médica - dispendiosa para muitos( nos quais me incluo...)!
Aflige-me este corpo, outrora fértil em equilíbrio, harmonia e agilidade, com a dificuldade que ele manifesta em executar as mais breves manobras. Parece cansado, perpetuamente cansado, sem requebres de vontades, isento de sabores, ausente de vontades. Perdeu o sal. Está insosso e preguiçoso.
A parte pensante, essa está mais lenta, perdeu a vertigem da descoberta hábil, a solidez, está gaguejante, intermitente com a memória, entretecidas, ambas, numa calmaria alucinante de paragens longas, ausentes, nada céleres. Parece estar surda porque(-quem sabe?-)guardada numa redoma, onde os sons e os sabores da vida se esfumam pausadamente como o gotejar de uma bica de água atemporal e aespacial.

Afectos - bis

A R. tem um temperamento meigo, dócil e afectuoso. possui a capacidade de ser eficaz, persistente e rigoroso em tudo no que faz. Mesmo com as coisas simples do dia a dia. Tem a força de criar, potenciar, remodelar sem nunca descansar. Tem a energia construtiva da década dos vinte e tais anos.

A relação estreita e preocupada, mesmo protectora com todos os membros da família, alarga-se aos amigos, sem esforço. É saudável, em todos os sentidos da largura da palavra.

Espanta-me(de orgulho) a relação inventiva que, em rede, cria com o Pai. A sabedoria com que lida com a Mãe, o irmão e o Primo. Os tios são outra relação que procura com calor e assiduidade.

É uma bela flor esta que temos na família. Simples e bonita.

Afectos







Obras da pintora Raquel Oliveira.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Impressões de Verão



- A árvore de Klimt

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Calor


Impossível estes 37ºgraus no Porto. Não apetece mexer um dedo.Tudo sua.Os olhos, a cabeça, as mãos.Parece um dilúvio engordurado, pronto a invadir a memória retesada de alguma surdez que começa a tornar-se compacta.

Férias antecipadas de aborrecimentos lânguidos, húmidos e estridentes de calmaria. Sabor escamado de securas internas... do passado e do presente. O futuro, esse brota de um turbilhão de desejos, empanado de vontades párias, ímpio de movimentos, castrado na impotência, das regras sociais, do fervor da escolha agressiva e única destes tempos de crise que nos cobrem despudoradamente - Qual estertor pedófilo!
Margens debilmente delineadas, sem aventura interna, mostrando poucas competências, não há muito a aprender ou a fazer; tudo está escrito pela manga nojenta do Dono do Mundo. O Capital que deserda as pessoas da capacidade de serem gente. Sá as animaliza e embrutece. Ronca perdido na gulodice de comer os imberbes e fracos.
Suínos avantajados.

Não há modo de gotejar a nossa fronte esbranquiçada, empoeirada de espera e afirmações. Pesa o corpo e a lança. Refrescar já a alma, essa outra coisa que nos acorda e empurra para tudo e todos. Amparar a fonte que ainda brota, a da vida.

domingo, 11 de julho de 2010

Uma espécie de circo...



Passou uma semana de intenso trabalho de formação: aprendizagem de utilização de quadros interactivos multimédia(QIM).
Nada como os recursos multimédia na sala de aula! Os alunos são óptimos no manuseamento dos computadores. Especialmente nos jogos e msn. Saber aproveitar essas capacidades na sala de aula como apoio nO ENSINO/ aprendizagem é sem dúvida interessante para os alunos e importante na aprendizagem.
Caricato é o processo de aprendizagem para os Professores. Foi o que me aconteceu na semana passada.
Tínhamos 15h para, em moodle, rentabilizar a aprendizagem do QIM. No primeiro dia, a NET funcionou mal. O software que permitia aceder ao programa que viabiliza a utilização do Qim, não estava instalado nos computadores e , ao fazermo-lo nós, nem sempre a instalação se fazia de igual modo em todos os computadores.Das restantes 3 sessões, os formadores falaram de avaliação, de regras, de competências , de PIT e ...de paciência para executar, sem perder a calma, o muito que tínhamos para aprender!

Já lá vão acrescidas mais de 15h de trabalho individual e alguma coisa aprendi. Mas não é assim que se formam os professores, sem ter em conta que temos trabalho de exames nas escolas, relatórios, formação de turmas, reuniões de departamento. Tudo exigem sem ter em conta o trabalho real nas salas de aula. Esta falta de consideração pelo nosso trabalho reflecte o ambiente das salas de aula, o desrespeito dos Pais pela educação, dos filhos pela aprendizagem. Contudo reflecte bem a necessidade que o ME tem de mostrar, em show, o sucesso das escolas.

Em nada se compara a triste realidade.
Não há sucesso, Há má criação, falta de empenho, irresponsabilidade e muita hipocrisia(veja-se o escândalo dos CEF e das Novas Oportunidades!).

Este mês ganho menos 1,5%....

A CRISE é dolorosa para quem trabalha com alma! Com valores, competências, conteúdos e cultura!

Este país não tem vergonha de nada. A escumalha saiu à rua....

domingo, 4 de julho de 2010

O Tempo


Hoje fui alindar o espaço onde repousas. Continuas a fazer-me falta. Passou muito tempo, mas guardo o teu rosto e o teu cheiro: sabia a carinho e cheirava a protecção. Acho que até hoje nunca me senti tão protegida como quando te tinha junto a mim.
Sabe mal acordar a casa e a família para o novo dia. Dantes, eras tu quem fazia isso. Agora, sou eu que tenho essa responsabilidade. E como pesa! A responsabilidade!
Sinto-me cansada, tal como tu. Os esgares da vida! Tão diferente do que desejámos! Atravessamos mares difíceis, vontades impostas e sofremos por impotência. Tu, no teu Tempo; eu, no meu!
Voltei a casa, depois de te florir. Curioso... senti-me mais próxima quando cheguei, do que quando te adornei com flores. Vives em mim, no meu espaço, na minha família e gostava que soubesses(se é que não sabes) que te quero muito e tenho as saudades largas e longas, tal o Tempo em que subitamente partiste, não sem me dizeres que respeitarias as minhas decisões. Muito te agradeço por isso. Permitiste que crescesse e me tornasse autónoma. Acertei nalgumas atitudes, errei profundamente noutras, mas tu sabes que é assim mesmo. Não prevemos o futuro. Só alimentamos, na força dos dias, a esperança dos sonhos, dos desejos e de muitas vontades. Gosto Muito de Ti, Mãe.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

The end


Chega o Verão e o calor irritado do dolce fare niente.
O corpo que abala repugnado pela intromissão do sol, do calor, da abertura ousada do corpo que esfrega o suor esponjoso, como cera de abelhas... Pica e é feroz este tempo longo que alucina na demora do nada, nada a ver, a fazer, a julgar, a mudar. Horror de mim sempre igual; vazia de nada e cheia de coisa nenhuma: só o corpo despido de querer, perdeu a autonomia de ser um ser que vibra; já não vibra. Aparenta ser . Quimera!

Os outros piores são. Não são nada e fazem coisa suja, pouca alma, muito cegos de ter, prontos, cegos no roubar. sem memória, prazenteiros do ter. Ameaça de vida, da sociedade. Loucos e vis.

Nada a fazer. escasseia o tempo de outrar.

Faz-se pouco para poder andar e sub -verter, -recear, -aproveitar, -amar,-felizar........

Monet

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pequena


Sou muito pequenina. Encolhida. Enfezada e doente.
O medo tolhe-nos. Distorce-nos. Inferniza-nos.
Não quero ser assim, nem pensar assim.
Sou crescida, mas desamparada.
Vivida, mas incompleta.
Acabada, mas imperfeita.

Não posso continuar a importunar a minha estabilidade e sanidade mental com a opinião dos outros.
Estes, a maioria, não são melhores que eu. Vejo neles grandes maleitas de verticalidade e irresponsabilidade. São imperfeições dos seres humanos. Certamente também minhas.
Mas vejo grande inconsciência, amoralidade. Em mim, vejo defeitos, mas também consciência individual, social e política. Tenho incoerências e recortes de vida menos perfeitos, mas falo delas e sofro com elas. E tenho consciência delas; auto-analiso-me. Repreendo-me. Memorizo. envergonho-me de ser tão ímpia e ingénua, a despeito da idade real...

Cito-me. Aviso-me.

Mas não me abstenho de dizer o que sinto. De chamar a atenção para o que está errado.
Sofro com a complexidade de tudo o que nos envolve - a vida despida de valores, sensibilidade, respeito.
Quero sair deste invólucro com a segurança de quem renasceu.

Saramago-Nobel da Literatura



Morreu hoje, às 12 e 45h, em Lanzarote.
Admiro a sua arte, a escrita diferente, a imaginação mista de subjectividade e de realismo cartesiano. Admiro a coragem, a frontalidade, a responsabilidade, a verticalidade.
Sempre tantos contra ele. Sempre tão esperto(experto) e vivo de vida, apesar de tudo!
Incompreendido. Génio.
Quando for grande gostava de ser como ele!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Estreiteza


Sinto-me marginalizada. Não falam comigo como falavam: espontâneos, alegres, acolhedores, carinhosos.
Sinto-me discriminada no emprego e na sociedade. Nesta é mais simples explicar-se, pois quando não há dinheiro, vida social vistosa, não somos boas companhias; somos "foleiros"; sempre o aspecto e o peso do Dinheiro,a ser inferido pela apresentação...
Já no emprego, quando começámos a tomar atitudes, a defendê-las, a dizer que não estamos de acordo, aí, já incomodamos. Não somos serenos(carneiros) e somos uma espécie em extinção. Como? - Pelo anonimato. Ninguém nos liga, não conversam connosco, não têm nada para nos dizer; cumprimentam apenas quando os olhares não conseguem atingir outras dimensões e, pior do que isto, é quando há actividades a fazer, que são da minha competência profissional e não me dizem nada. Quando inquiri outra pessoa envolvida, pediu desculpa por se terem esquecido de mim e revelam que preparam as coisas nos intervalos, nas mesas ocupadas por 10 cabeças coniventes, postadas em círculo,onde não é fácil introduzir uma outra... os bons-dias são inaudíveis tal o propulsar das falas acirradas e intimistas, pertença da coroa implantada naquelas cabeças. Difícil penetrar...
Por outro lado, não quero passar, relatar, impor, preocupar o meu grupo de trabalho com os meus momentos menos bons de vida.Nem passar-lhes a minha profunda inquietação com comentários acerca da profissão e política que tanto me consomem e revoltam!
Já ninguém comenta isto! Sinto que a esfera dessas pessoas é outra. Falam outra linguagem; não sei bem qual...! Também não me interessa.
Só me sinto triste!
Logo, quando estou mais ciente da vida, do mundo, de mim e, agora, não há interlocutores!
Que confinamento!!

sábado, 15 de maio de 2010

Os Blogues


Estou numa aprendizagem reconfortante.
É uma nova fase no meu trabalho.
A vontade de desistir, quebrou. Já não agride tanto. Curioso como a vida se encarrega de desequilibrar o pouco ou muito do que conseguimos, arduamente sustentar: a harmonia interior.

Então, aí está o PEC a assustar com os seus impostos, desajustados para as classes mais desfavorecidas, nas quais me incluo.

Os alunos estão mais "limados". Aproxima-se o fim do ano lectivo e, pelo menos, já se nota que estão, na generalidade, mais macios e com menos "bicos". Apetece continuar o ano lectivo para ver se, agora, começam a estudar e a desenvolver competências. Apercebe-se a evolução possível. Mais a nível da cidadania, saber estar e relacionar-se. Não se nota a persistência e a resolução de estudar e aprender. Isso, nada lhes diz.

Apesar disto, estou mais "soulagée". Consegui introduzir nas minhas motivações lectivas as novas tecnologias. Eles adoram. Ajudam e estimulam-se. Recuam quando os incentivo a escrever e a construir sentidos. Ainda muito tímidos com a responsabilidade de "aparecer" perante a comunidade educativa e família como "fazedores de sentidos, lógicas pessoais e saberes". Quanta insegurança!
Esperemos pelo próximo ano.
Eu, ainda tenho, pelo menos, mais 13 anos lectivos.

sábado, 24 de abril de 2010

Profissão


Não estou triste. Nem tão desiludida assim!
Estou curiosa e um pouco mais confiante em mim própria.
Consegui criar, melhor, desenvolver dois blogs relacionados com duas áreas de trabalho, que envolvem sectores da comunidade escolar.
As repercussões têm sido benfazejas. O ego sorriu. O prazer desta construção, alegrou-me.
As infidelidades da Vida continuam. Os recantos de protecção confinam-se cada vez mais. Mas... ainda tenho onde repousar.
O sistema político do meu País é cada vez mais corrupto, fascista, diabolicamente persecutório. Invejoso.
Amanhã, temos 36 anos de cravos a recordar. Só comprei 6, porque a vida está muito cara e eu ganho pouco. Contudo, a minha casa resplandece com a cor vermelha, afinada com a força e a dor de quem trabalha. Conto rosários ateus; criados de lucidez; de espanto incrédulo; apagam-se os valores morais e humanos; só se respeita o vil metal.

"... a dor, a fome, a guerra/ a prisão e a tortura// agora, o Povo unido nunca mais será vencido..."

O 25 de Abril, já é uma miragem!(Alguém, quer que seja:- o Poder-o Monstro!)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

As palavras não cantadas


Monopólio de mim.
Apareço nelas.
Retrato-me.
Enrolada nos sons sibilantes, quase encantatórios, fundo-me na harmonia dos sons, das sílabas, silabadas com cuidado, austeras, muitas vezes, que se compõem por mim em brincadeiras secretas de sons e vontades inaudíveis.
Enroscadas em metáforas, imagens, sinestesias e hipálages queirosianas. Não tão habilmente trabalhadas, mas que são preenchidas pelo dedilhar do torpor de sentimentos que soam no fundo da minha alma, no retiro dos meus pensamentos, sós e audazes, mas meus, únicos, desinfectados de outros sons, balburdias que me confundem o discernimento.
É bom tocar a linha das palavras e com elas fugir em busca da música interior que percorre o inconsciente balaustrado de tudo o que há ou não há em mim.
Procuro-me no rumorejar dos sons, doce enleio que cerceio, às vezes.

Afectos


Não sei viver sem mimos. Sou uma dependente emocional. A minha família é a minha concha onde hiberno sempre que posso. Atemoriza-me imaginar uma vida sem a confiança, e o aconchego dos que comigo partilham a vida incerta que todos temos. O apoio é incondicional. Em nenhum outro lugar é assim.
Mudam os afectos ao longo dos caminhos da existência. Iniciam-se alterosos, vivos, plenos, praticados, rebuscados, frenéticos, planificados, calmos, sublimes, suaves, perceptíveis, subliminares...
Pequenos nadas de cada um de nós espalham-se pelo espaço interior, outrora íntimo, sempre com atenções e protecções únicas, a nós destinadas, Somos a morada certa por mais incerta que seja a flor prostrada.
Vivemos épocas de história da estória da Vida. Não se apagam como se fossem chamas voláteis. Fica a serenidade e a Família Amanhece.
Não cumpro a vida por inteiro, pois gastei-me nos encontrões que sofri.
Comprometo-me com a certeza da minha semente e o apoio tácito que lhe dou sem rumores.
Sou base em construção da deriva de mim.
Amo.

Em tudo


"No entrudo, vale tudo" - ditado popular, actualmente de constatação imediata, se pensarmos em política. São muitos os disfarces utilizados para esconder a falta de vergonha dos políticos e de grande parte do povo, porque ao votarem nesta maioria(PS,PSD e CDS), são, também eles coniventes com a corrupção, o compadrio e o egoísmo nacional.
Entretanto, vive-se mal, trabalha-se mal, há falta de satisfação de bens essenciais no sentido mais lato. O desemprego é avassalador, desesperante e rola em tantas outras situações afins, que olhos atentos e humanos sofrem de modos diversos ao sentir a incapacidade de ultrapassar o sistema que nos atormenta.

Dói-me a ida para o trabalho; sei que me esperam bandos desenfreados e inconscientes de aves pequenas e sem destino, a não ser o imediato. Atropelam-se os sentimentos de marginalização votados pelos parceiros da arruada! Estes, infernizam o ambiente laboral com círculos fechados, vozes quebradas, olhares de soslaio, ouvidos de feição vampiresca. Pior: atacam pelas costas; piam para os lados; não são sinceros, nem frontais. Não estão naquele espaço para, em conjunto, atingirmos as melhores plataformas de performances...São maldosos, ressabiados e perigosos.
Gostava de sentir-me entre irmãos, mesmo em versão cristã. Sinto-me só e espiada. É a competição. Vale tudo. Primeiro, os que mais podem(F), depois, muito depois, os outros. E se os puderem enterrar, melhor; é de menos um a competir.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

"Noite"


Cheguei há pouco. Cansada, mas plena.
Já não lembrava a sensação de ser ouvida. Do sentimento de partilha. É gente adulta, esta que me ouve. Comunica mais com os olhos, faces e sorrisos, pestanejares surpresos das palavras articuladas, ora com cuidados de mestria, ora com aproximação à vida redonda dos referentes afinal tão próximos.
Deste modo, inverto a descrença das pagãs atitudes de quem está na hora certa de aprender... mas, tão incerta.
Cansam-se meus olhos de tanto esbracejo, torpedos linguísticos, atitudes quejandas, estrumeiras sonoras de mentes nómadas, sem pertença, afago ou doçura!

Abruptas, feias, rodilhas elegantes as parcerias noviças do trabalho. Este já sem espantos diurnos. Restam só as curvas do caminho descendente - sempre a descer - desamparado, com fim não à vista e desassossegos constantes.

Como posso acordar nesta tonalidade? Não há som ou cor que surtam efeito diferente ou amanhecer colorido!