terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Já Noite...


Trazida pelo vento e chuva, regressei tarde ao meu canto. Inconformado, mas sem dúvida o mais seguro. Assusta-me o tempo, as notícias, o peso, as más atitudes, a incompreensão dos grandes e dos pequenos. Aflige-me a impotência, todas elas.
Que fazer das desvergonhas dos outros, os políticos de algibeira? E as pessoas que não reagem à porcaria em que vegetam? Não têm cheiro? Raiva? Revolta, talvez.
Os sonhos não me animam. Quedei com o passar do tempo e as manhãs mal despertadas. O som rude que atravessa o dia é incompreensível na maior parte das vezes. Acaba-se o fio que conduziu as minhas vontades. Quando se autonomizaram e me ultrapassaram, cegaram com um nó a forma em que se distribua as qualidades, as ânsias, os sonhos. A autonomia pesada desta força outra que se desenvolveu como um linfoma, roeu a génese de mim e criou outro ser, este amargo, fraco e doloroso que se deixou assustar com a força das marés que assolaram despoticamente as esperanças de menina-mulher, jovem, confiante, organizada e ciente de que, bem fazendo, algum calor mereceria. Tão feio o que surgiu!
Abunda o exterior de mim. Rareia o interior iluminado.
Perco a vontade de ser, pela rarefacção do ter.
Refreio.