quarta-feira, 30 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

The end


Chega o Verão e o calor irritado do dolce fare niente.
O corpo que abala repugnado pela intromissão do sol, do calor, da abertura ousada do corpo que esfrega o suor esponjoso, como cera de abelhas... Pica e é feroz este tempo longo que alucina na demora do nada, nada a ver, a fazer, a julgar, a mudar. Horror de mim sempre igual; vazia de nada e cheia de coisa nenhuma: só o corpo despido de querer, perdeu a autonomia de ser um ser que vibra; já não vibra. Aparenta ser . Quimera!

Os outros piores são. Não são nada e fazem coisa suja, pouca alma, muito cegos de ter, prontos, cegos no roubar. sem memória, prazenteiros do ter. Ameaça de vida, da sociedade. Loucos e vis.

Nada a fazer. escasseia o tempo de outrar.

Faz-se pouco para poder andar e sub -verter, -recear, -aproveitar, -amar,-felizar........

Monet

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pequena


Sou muito pequenina. Encolhida. Enfezada e doente.
O medo tolhe-nos. Distorce-nos. Inferniza-nos.
Não quero ser assim, nem pensar assim.
Sou crescida, mas desamparada.
Vivida, mas incompleta.
Acabada, mas imperfeita.

Não posso continuar a importunar a minha estabilidade e sanidade mental com a opinião dos outros.
Estes, a maioria, não são melhores que eu. Vejo neles grandes maleitas de verticalidade e irresponsabilidade. São imperfeições dos seres humanos. Certamente também minhas.
Mas vejo grande inconsciência, amoralidade. Em mim, vejo defeitos, mas também consciência individual, social e política. Tenho incoerências e recortes de vida menos perfeitos, mas falo delas e sofro com elas. E tenho consciência delas; auto-analiso-me. Repreendo-me. Memorizo. envergonho-me de ser tão ímpia e ingénua, a despeito da idade real...

Cito-me. Aviso-me.

Mas não me abstenho de dizer o que sinto. De chamar a atenção para o que está errado.
Sofro com a complexidade de tudo o que nos envolve - a vida despida de valores, sensibilidade, respeito.
Quero sair deste invólucro com a segurança de quem renasceu.

Saramago-Nobel da Literatura



Morreu hoje, às 12 e 45h, em Lanzarote.
Admiro a sua arte, a escrita diferente, a imaginação mista de subjectividade e de realismo cartesiano. Admiro a coragem, a frontalidade, a responsabilidade, a verticalidade.
Sempre tantos contra ele. Sempre tão esperto(experto) e vivo de vida, apesar de tudo!
Incompreendido. Génio.
Quando for grande gostava de ser como ele!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Estreiteza


Sinto-me marginalizada. Não falam comigo como falavam: espontâneos, alegres, acolhedores, carinhosos.
Sinto-me discriminada no emprego e na sociedade. Nesta é mais simples explicar-se, pois quando não há dinheiro, vida social vistosa, não somos boas companhias; somos "foleiros"; sempre o aspecto e o peso do Dinheiro,a ser inferido pela apresentação...
Já no emprego, quando começámos a tomar atitudes, a defendê-las, a dizer que não estamos de acordo, aí, já incomodamos. Não somos serenos(carneiros) e somos uma espécie em extinção. Como? - Pelo anonimato. Ninguém nos liga, não conversam connosco, não têm nada para nos dizer; cumprimentam apenas quando os olhares não conseguem atingir outras dimensões e, pior do que isto, é quando há actividades a fazer, que são da minha competência profissional e não me dizem nada. Quando inquiri outra pessoa envolvida, pediu desculpa por se terem esquecido de mim e revelam que preparam as coisas nos intervalos, nas mesas ocupadas por 10 cabeças coniventes, postadas em círculo,onde não é fácil introduzir uma outra... os bons-dias são inaudíveis tal o propulsar das falas acirradas e intimistas, pertença da coroa implantada naquelas cabeças. Difícil penetrar...
Por outro lado, não quero passar, relatar, impor, preocupar o meu grupo de trabalho com os meus momentos menos bons de vida.Nem passar-lhes a minha profunda inquietação com comentários acerca da profissão e política que tanto me consomem e revoltam!
Já ninguém comenta isto! Sinto que a esfera dessas pessoas é outra. Falam outra linguagem; não sei bem qual...! Também não me interessa.
Só me sinto triste!
Logo, quando estou mais ciente da vida, do mundo, de mim e, agora, não há interlocutores!
Que confinamento!!