domingo, 29 de agosto de 2010

Flores


Para mais tarde recordar!

sábado, 28 de agosto de 2010

enlace 26

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ressaca

Dói menos estar viva e acordada, hoje.
Deviam tratar-me melhor os que me amam...
Sou Lamechas, sem dúvida, mas, sofrida, inquestionavelmente.
O des-largar das pequenas coisas, a indiferença de estar num ou outro espaço, são sentires lúcidos, mesmo que envoltos na quietude da letargia anímica e química.
O lago que, de quando em vez, se espraia na estreiteza dos vincos do rosto, é bordado de esconderijos de lenços, também eles tristes de tanto serem amarrotados. Não posso deixá-los incólumes; são demasiado puros e eu preciso da sinceridade da sua ajuda.

Vou acalmando.

domingo, 22 de agosto de 2010

Atordoamento

Prenhe de medicação, calmantes e anti-depressivos, pairo no pesadelo dos sentimentos abruptos e dilacerantes.
O despoletar da crise nasceu dum pormenor com relativa,mas não demasiada, importância. A análise posterior feito pelos internos familiares, essa assim, foi mais expandida e profunda. Dei-me conta - dito claramente - que sou um elemento deste ninho, muito rígido e perturbador do bem estar dos demais. Como são dois, fico em minoria. Será como naquelas situações em que as minorias têm razão? Parece-me que não. Outros familiares próximos acham que não dou valor aos que protejo...

O mal é meu. Desestabilizo, sou bruta, implacável e incomodo a bonomia dos outros! Sou desfasada!

Baralho-me e rodopio na procura de ser mais e melhor. Falham alicerces de vida, de acalmia e aprendizagem pessoal. Sobram as insuficiências.

O panorama é desolador. A minha-estima não exista. A insegurança é brutal.
Não quero ser o que sou.
Não gosto da minha vida.
Não tem cambiantes doces, aventuras ponderadas(nem das outras).
Pareço estar morta à espera da escuridão dos bichos.
Só falta parar de respirar, essa coisa física que teima em impedir aquilo que o cérebro equaciona.

sábado, 21 de agosto de 2010

Aparência

O corpo diz muito da alma. Esta transborda e personifica-se numa matéria finita que se decompõe de uma forma hemorrágica e insustentável.
Aquilo que sinto constantemente a inquietar-me, só pode ser a voz da minha alma! Também não sei que outro nome dar-lhe... acho que está bem esse. Chega.

O meu corpo está a escorregar, foge dos seus limites e desbloqueia-se da estrutura inicial. Desgosta-me. Não me deixa requebrar nos dias da vida. Impede-me. Está rigidamente geométrico e parece não querer fazer-me a vontade de bem baixar, bem levantar, bem dançar, pois até me retirou o ritmo da dança da vida.
Será que o faz para me escarnecer? - Castiga-me pela falta de equilíbrio, que, parece. demonstro?
Como posso ser mais certa, para me acertar aos outros?( leia-se, comunidade)

E a vida sócio-política, de hoje, que me exaspera de impotência e de falta de justiça?
Por que dos fracos não reza, ou pouco reza, a história?
Vale a pena lutar? Sim. Sim. Mas, só o desabafo se expande. Eu, nós, ficamos na escuridão do anonimato e não vencemos a mortalidade.
Exaspera.

Tristeza

Esta tristeza que me acabrunha e limita. Entope o cérebro, baralha-me o sentir, o pensar, a memória. ( Dizem-me que não vivo, não apreendo a vida, porque não tenho memória)

É tão grande a minha vontade de desistir de viver. Parece que atrapalho. Quem? Os que me cercam mais de perto.

Sinto-me inhábil para a vida. Não pareço ser grande coisa...

E sou pouca coisa como pessoa. Não me reconheço naquilo que me imaginava ser. Estou aquém.

Falta-me algo semelhante à necessidade do ar para respirar. ... (Serei eu que me faço falta?)

Preciso da bengala dos antidepressivos. (Será?) E os calmantes? (Será?) E, depois a memória ressente-se, porque esqueço! Mas, por outro lado, sem isto, não consigo sossegar e aparentar ser uma pessoa normal: calma, com tempo para tudo, sem ataques de pânico....

Que confuso e insuficiente é viver!

Pânico

O meu sistema nervoso revolta-se. Torce-se de raiva, dor e irritação. salta-me o peito, o coração acelera, a garganta entope; falha o ar, rareia e preciso de elevar o dorso e a alma para extrair o ar que me tranca a fala. Transida de falta, falha, adivinha-se o soluço seguinte: cresce o calor físico, desemboca nas narinas e boca e, algumas, poucas, vezes, surge o grito amarrado, calado, as pernas que estrebucham de inquietação e o frémito do corpo que se espasma num pânico intenso, desmedido que me impelem na procura de ajuda: o copo de água, o respirar aceso da angústia que arde e desatina. O frasco dos calmantes.

Momentos depois, adormeço na dormência do corpo que quebra.

Acordo. Acordo sempre. E, continuo a vida que está ainda ali, à minha espera com as patranhas que prepara para me alucinar.

Adolescência

O meu filho afasta-se de mim.
Está a crescer e aborrece-se comigo e com o Pai.

Queria gente da sua idade. As primas têm sido opção agradável.

As férias connosco foram preenchidas com grandes momentos de mutismo. Mesmo alguma má disposição.
Pressentia-se a vontade de fazer outras coisas(bares, beber, conhecer outras pessoas...). Havia uma exaltação bem retraída na postura que muito denunciava a vontade de saltar o muro e viver o inesquecível...
Nosso medo de avanços... Bem sei que temos de o deixar voar, mas com limitações de passadas graduadas. o Pai acha e eu também.
Tentei os desportos aquáticos. mas não quis. Percebi que era a minha companhia maternal que colidia com a sua vontade. - Adolescência!

Já fui assim.
Tive vontade de ser enorme, perfeita, bela, incomparável..... Futuro risonho.....
Estatelei-me. Só dei conta passado alguns anos. Porque, isto da vida, só se sabe depois.

Outros

Já não sou aquela pessoa que eu achava que os outros tinham como confiável. Segundo eles, tornei-me uma pessoa rígida, pouco flexível e incapaz de aceitar pacificamente um acontecimento com o qual não estou de acordo ou que de todo não esperaria.
Mentem-me. Para não terem que me ouvir a fazer escarcéu.
Acham-me ditadora. Dizem que quando chego a casa a primeira coisa que faço é controlar as coisas do espaço familiar e, apontar reparos, que acham demasiados e incómodos. Tornei-me numa pessoa de quem eles têm algum receio e, por isso, evitam, escondem ou mentem para evitar confusão.

É curioso, sempre me vi como organizada e, sabendo que deles não posso esperar grande(ou nenhuma ajuda), tratei de conciliar todas as situações de casa evitando incomodá-los, pois sabia que tal não lhes agradava ou preferiam protelar as coisas. Tentei algumas vezes esperar por ajuda, mas como a tarefa acabava por não se fazer, isso perturbava-me, pois o seu incumprimento acabava por baralhar o sistema de organização da casa.
Necessito de ver as coisas minimamente arranjadas. De outro modo não me arrumo mentalmente. Sei que caio em exageros, mas também os reconheço e aceito a crítica.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Velhice


Não tem nada de bonito a velhice.
Apelamos à importância do Saber, da Experiência, da Temperança, mas as marcas das rugas, a cor acastanhada e enrugada da pele, o corpo lasso, curvo e frágil, não são espectáculo bonito de se ver. Escapam aspectos limpos e desempoeirados, perde-se a visão e o rasgo intelectual. Sentimo-nos abandonados e impotentes. Vemos e pressentimos que já não somos parte activa da vida.
O corpo respira, mas sem vigor. O sofrimento da vida não vivida é penoso. As insuficiências e decepções marcam como se se tratasse de um ferro quente.
Não há voltar atrás.
Passou o Tempo. A única coisa certa da vida.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Formas redondas



Pinturas de Armanda Passos e Paula Rego.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Gordura

(escultura de Botero)

Há vários tipos de gordura: aquela que lubrifica e decora o corpo, a utilizada para fazer a comida, o aspecto ensebado de quem não tem higiene e a mental, que escorre de algumas verborreias inflamadas sem nada de importante a comunicar aos outros, a não ser um sebo gelatinoso que enlameia a necessária limpeza de discernimento.
Infelizmente, sofro um pouco da primeira, mercê do acumular de alguns pesos excessivos de pecados de boca e de um corpo que implacavelmente se deforma nas mudanças que o tempo lidera sem permitir intromissões. Salva-se, para poucos, a ajuda cosmética da engenharia médica - dispendiosa para muitos( nos quais me incluo...)!
Aflige-me este corpo, outrora fértil em equilíbrio, harmonia e agilidade, com a dificuldade que ele manifesta em executar as mais breves manobras. Parece cansado, perpetuamente cansado, sem requebres de vontades, isento de sabores, ausente de vontades. Perdeu o sal. Está insosso e preguiçoso.
A parte pensante, essa está mais lenta, perdeu a vertigem da descoberta hábil, a solidez, está gaguejante, intermitente com a memória, entretecidas, ambas, numa calmaria alucinante de paragens longas, ausentes, nada céleres. Parece estar surda porque(-quem sabe?-)guardada numa redoma, onde os sons e os sabores da vida se esfumam pausadamente como o gotejar de uma bica de água atemporal e aespacial.

Afectos - bis

A R. tem um temperamento meigo, dócil e afectuoso. possui a capacidade de ser eficaz, persistente e rigoroso em tudo no que faz. Mesmo com as coisas simples do dia a dia. Tem a força de criar, potenciar, remodelar sem nunca descansar. Tem a energia construtiva da década dos vinte e tais anos.

A relação estreita e preocupada, mesmo protectora com todos os membros da família, alarga-se aos amigos, sem esforço. É saudável, em todos os sentidos da largura da palavra.

Espanta-me(de orgulho) a relação inventiva que, em rede, cria com o Pai. A sabedoria com que lida com a Mãe, o irmão e o Primo. Os tios são outra relação que procura com calor e assiduidade.

É uma bela flor esta que temos na família. Simples e bonita.

Afectos







Obras da pintora Raquel Oliveira.