segunda-feira, 26 de julho de 2010

Calor


Impossível estes 37ºgraus no Porto. Não apetece mexer um dedo.Tudo sua.Os olhos, a cabeça, as mãos.Parece um dilúvio engordurado, pronto a invadir a memória retesada de alguma surdez que começa a tornar-se compacta.

Férias antecipadas de aborrecimentos lânguidos, húmidos e estridentes de calmaria. Sabor escamado de securas internas... do passado e do presente. O futuro, esse brota de um turbilhão de desejos, empanado de vontades párias, ímpio de movimentos, castrado na impotência, das regras sociais, do fervor da escolha agressiva e única destes tempos de crise que nos cobrem despudoradamente - Qual estertor pedófilo!
Margens debilmente delineadas, sem aventura interna, mostrando poucas competências, não há muito a aprender ou a fazer; tudo está escrito pela manga nojenta do Dono do Mundo. O Capital que deserda as pessoas da capacidade de serem gente. Sá as animaliza e embrutece. Ronca perdido na gulodice de comer os imberbes e fracos.
Suínos avantajados.

Não há modo de gotejar a nossa fronte esbranquiçada, empoeirada de espera e afirmações. Pesa o corpo e a lança. Refrescar já a alma, essa outra coisa que nos acorda e empurra para tudo e todos. Amparar a fonte que ainda brota, a da vida.

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