sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pequena


Sou muito pequenina. Encolhida. Enfezada e doente.
O medo tolhe-nos. Distorce-nos. Inferniza-nos.
Não quero ser assim, nem pensar assim.
Sou crescida, mas desamparada.
Vivida, mas incompleta.
Acabada, mas imperfeita.

Não posso continuar a importunar a minha estabilidade e sanidade mental com a opinião dos outros.
Estes, a maioria, não são melhores que eu. Vejo neles grandes maleitas de verticalidade e irresponsabilidade. São imperfeições dos seres humanos. Certamente também minhas.
Mas vejo grande inconsciência, amoralidade. Em mim, vejo defeitos, mas também consciência individual, social e política. Tenho incoerências e recortes de vida menos perfeitos, mas falo delas e sofro com elas. E tenho consciência delas; auto-analiso-me. Repreendo-me. Memorizo. envergonho-me de ser tão ímpia e ingénua, a despeito da idade real...

Cito-me. Aviso-me.

Mas não me abstenho de dizer o que sinto. De chamar a atenção para o que está errado.
Sofro com a complexidade de tudo o que nos envolve - a vida despida de valores, sensibilidade, respeito.
Quero sair deste invólucro com a segurança de quem renasceu.

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