segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

As palavras não cantadas


Monopólio de mim.
Apareço nelas.
Retrato-me.
Enrolada nos sons sibilantes, quase encantatórios, fundo-me na harmonia dos sons, das sílabas, silabadas com cuidado, austeras, muitas vezes, que se compõem por mim em brincadeiras secretas de sons e vontades inaudíveis.
Enroscadas em metáforas, imagens, sinestesias e hipálages queirosianas. Não tão habilmente trabalhadas, mas que são preenchidas pelo dedilhar do torpor de sentimentos que soam no fundo da minha alma, no retiro dos meus pensamentos, sós e audazes, mas meus, únicos, desinfectados de outros sons, balburdias que me confundem o discernimento.
É bom tocar a linha das palavras e com elas fugir em busca da música interior que percorre o inconsciente balaustrado de tudo o que há ou não há em mim.
Procuro-me no rumorejar dos sons, doce enleio que cerceio, às vezes.

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