sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Profs e colocações




No limiar da entrada ao serviço, grande número de professores não sabe onde vai ser colocado. Nada interessa  ao MEC e outros quejandos. Importante é poupar - a tutela - independentemente de um real e proveitoso sistema de ensino de que tanto necessita a nossa sociedade e o mundo em geral.

As privatizações são assustadoramente desmesuradas. Não há um estado que nos proporcione um mínimo de estabilidade ao nível da saúde, educação, trabalho. Tudo em nome da manutenção do dinheiro - poderoso que comanda o mundo. Já não há valores. Os mais novos não vêm isso no exemplo dos mais velhos. Pelo contrário!

Que vai acontecer? O disseminar do chico-espertismo, da corrupção e da vigarice? Vamos matar-nos uns aos outros, pois as necessidades são cada vez mais básicas.

Todos querem ser os eleitos, os mais fortes, os superiores. (Matam-se com as próprias armas).

Se soubessem e acreditassem na força que todos juntos temos....

sábado, 18 de agosto de 2012

Poesia


Mário de Sá-Carneiro 
 "ÁLCOOL"
  (...) 
Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo ---
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...

Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...

Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?

Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante ---
Manhã tão forte que me anoiteceu.

                  


Os Mineiros

Foi na África do Sul. Há dois ou três dias. Um grupo de trabalhadores mineiros que reivindicavam direitos e melhores condições de trabalho, foram brutalmente assassinados pela polícia/poder local.

Hoje em dia, lutar pelos interesses de uma classe é utopia. Longe vão os tempos em que a união era forte, unida e coesa.

A manipulação dos mídia, a construção de opinião de um povo, faz-se através deste fazedores de opções que, longe de só informar, o fazem parcelarmente e de acordo com o Poder que servem. Claro que o emprego, o salário são fatores primordiais nesta quietude anorética da dignidade. Perdem-se valores morais e éticos; subvalorizam-se valores, princípios e condutas. Em nome da sobrevivência, é certo, mas há limites, como em tudo na vida.

O Emprego leva-nos a dignidade, a felicidade, os que amamos, a alma. Somos os atuais vendilhões do templo. Não o nosso, mas o daqueles que servimos.

Os Mineiros disseram não - e morreram.
Os Médicos e Enfermeiros disseram não e fizeram greve - venceram porque se uniram; essa união deu-lhes a força.
Os Professores, alguns dizem não. Poucos. A maioria acomoda-se de uma forma acéfala. Vão morrer com os seus próprios defeitos. Estão condenados a serem gente medíocre, que de facto, não fazem falta(muitos deles) à construção de uma nova geração porque não têm nada para ensinar, a não ser, o conhecimento livresco que não é suficiente para que os mais jovens se apropriem do saber e o adequem, transmutando-se, para o seu saber pessoal, fundamental na construção do indivíduo como ser social, atuante e responsável.

Os Mineiros morreram com balas. Nós morremos devagar, com fome, desemprego, perseguição da tutela, ostracismo, isolamento, solidão, ansiedade...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Triplamente fresco

Vogue - Triplamente fresco

Sumo de Melancia & Vodka
Ingredientes:
1 Melancia grande
1 Pacote de sumo de mix frutos vermelhos/ melancia/ morango
1 Garrafa de Vodka
Açúcar amarelo a gosto
Gelo
Preparação:
Parta a melancia ao meio, retire o miolo com uma colher e coloque numa tigela à parte. Reserve as metades da melancia intactas.
Tente retirar o máximo de sementes possíveis do miolo e coloque no liquidificador, juntamente com meio pacote de sumo, vodka a gosto (mais ou menos, consoante queira a bebida mais ou menos forte) e 2 a 3 colheres de sopa de açúcar amarelo.
Passe tudo numa velocidade média, apenas para misturar os ingredientes e deixar a textura da melancia prevalecer.
Poderá acertar o paladar, colocando mais sumo, ou mais vodka, ou mais açúcar.
Verta a bebida para dentro das metades de melancia que colocou de parte e adicione gelo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Poesia




De tudo houve um começo … e tudo errou…
— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim…
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou…
                      (…)

Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
    Pilar da ponte de tédio
    Que vai de mim para o Outro.

Mário de Sá-Carneiro, in 'Indícios de Oiro'

domingo, 12 de agosto de 2012

A Violência II

 A violência espalha-se também em meios mais restritos: o Poder do patrão, diretor, chefe, gestor, administrador...
Parece ser uma característica do ser humano. Parece que Deus criou o  Homem à sua imagem (citando a sabedoria profunda de Saramago).
Quase todos nós temos uma perversa vontade de mandar, exercer poder sobre os outros.
"Se querem conhecer o Homem, deem-lhe Poder". Este aforismo retrata bem a importância da formação educacional de uma sociedade. Esta, para ter cidadãos mais conscientes, respeitadores dos direitos seus e dos de cada um, tem de ser formado num conjunto de saberes, cujas reflexões poderão edificar o ser social de modo mais humano e solidário. A Escola com um currículo devidamente elaborado, poderá fazer toda a diferença na construção das gerações atuais e vindouras.

 Das violências há muito a enunciar: aquela que é exercida pela estrutura familiar: a parental, filial, marital.  A do ser individual e suas relações profissionais, pessoais e passionais.
Muito se fala da violência masculina sobre a mulher, pouco da inversa. Esta também existe. Se calhar mais acontecida e menos divulgada por um questão de (má) educação. Normalmente é uma violência mais psicológica do que física, cega, déspota. Todas, chegam a ter contornos de doença do foro (quase) psiquiátrico. E é com os especialistas da saúde que estes casos podem ser reequilibrados - numa sociedade onde o direito público à saúde e à educação é um bem supremo a privilegiar.

A Violência

A Síria, Afeganistão, Iraque e outros países estão em constante fricção e guerra, alimentadas por crenças, religiões, racismo, interesses económicos, alimentadas pelos autóctones e por potências estrangeiras que os "alimentam", do ponto de vista bélico, manipulando assim, a sua (destes) sedenta vontade de poder, usurpação de Poder, cujo território lhes não  pertence, mas, pela intromissão abusiva (armas), conseguem um controle económico, político e uma posição estratégica no mundo.

Tal passa-se também nos países que, neste momento, estão a ser "ajudados" pelo BCE/FMI. O armamento que usam é o dinheiro. O símbolo mais libidinoso deste tempo. A crise mais não é que uma disputa muito desequilibrada entre os poderosos e os trabalhadores. Aqueles, querem ser cada vez mais ser ricos e assim controlar os que, pela força do trabalho, auferem magros salários.
 Agora, é mais difícil deitar por terra a má gestão/liderança de um país. O governo tem como sede, no caso dos europeus, a própria Europa, que longe de seguir os princípios democráticos: liberdade, igualdade e fraternidade (França, maio de 1968; Portugal, 25 de abril de 1974, a paz, o pão, habitação, saúde e educação), se delicia em tornar cada vez mais barato o trabalho, para desinvestir nas pessoas. Esta "guerra" é tão mortífera quanto as acima mencionadas. A diferença é que se mata devagar, física e psicologicamente. Esta matança é dolorosa e tem contornos sádicos.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Ser Professor

Nos dias de hoje, ser professor não é assumir uma vertente platónica em que, por atos valorosos - a nobre missão de ensinar - se vai contribuindo (qual gotinha de água) para a formação de seres individuais, capazes de através de suportes culturais suficientemente diversificados, estarem habilitados a serem parte integrante, ativa, de uma sociedade para a qual devem contribuir: pelo trabalho honesto, pela razão do gesto, pela intervenção lúcida na reivindicação dos seus direitos e o cumprimento das suas obrigações.
A classe especializada dos professores depara-se, neste momento, com o incumprimento do que lhes foi exarado no princípio de carreira; é agora, no meio ou quase fim da sua carreira que lhes cortam o vencimento, lhes retiram direitos adquiridos (subsídios), alteram as horas efetivas de lecionação e, lhes acenam com uma reforma, para a qual foram contribuindo ao longo da vida ativa, cada vez mais baixa e longínqua.

Se vivemos acima das nossas possibilidades, não fomos nós, os que trabalhamos e produzimos riqueza que contribuímos para isso. Não confundamos as coisas como panfletária e descaradamente a imprensa dominante assim maneja, ao sabor do poder instalado. A culpa desta derrapagem, crise, guerra económica é de quem não soube, ou não quiz, ou quiz edificar um país, e até uma europa cada vez mais incompetente, larápia, pois a riqueza está centrada na mão de meia dúzia de poderosos que desenvergonhadamente roubam o suor dos outros, a arraia miúda.
 Se há crise, que a paguem os que a cavaram, aqueles que vegetam em lucros fáceis como as transações financeiras, em bolsas e outras.Os que se aproveitam de políticas desumanas, que atingem o aparelho produtivo, baixando os vencimentos, promovendo contratos a prazo, criando cada vez mais desemprego, sem que se aviste solução para o caos social em que vivemos.

Nós, os professores, também estamos em processo de despedimento.

 As famílias estão doentes com estas situações de desespero, as crianças estão desorientadas, porque sem leme. É impossível suscitar vontade de aprender quando os nossos educandos vivem em famílias depauperadas. Resta-lhes a eles, a revolta, a falta de objetivos, a anarquia, a cedência e a morte social, pois a vida nada lhes reserva e, nós estamos primeiro na calha.

domingo, 5 de agosto de 2012

o ensino privado

Estranha a notícia de que o estado/MEC vai continuar a entregar aos privados 85000 euros para financiar os colégios que fomentam a desigualdade social!

É deste modo que o erário público se exaure e o contribuinte continua a pagar.

Que contornos são estes que formalizam políticos e políticas que têm por objetivo a formação de lobbys que apenas privilegiam os seus boys em detrimento do contribuinte comum que, sabendo disto, se deixa encapuzar, vegetando numa deficiente formação cultural e cívica que o impede, conscientemente, de protestar e impedir de forma tautológica e veemente que tal continue a acontecer.

Trata-se  do empobrecimento de um país e de gente, muita, ordeira que trabalha e tem sonhos a concretizar, no respeito pelos direitos de todos e de cada um.