terça-feira, 14 de julho de 2009

Flores


De quando em vez, arranjo e acaricio flores que docemente coloca num espaço familiar, onde alguns dos meus protectores descansam ao ritmo das nossas mãos cansadas e olhos longos de esperas em vão.
Dói sempre este tempo; é simultaneamente triste e aconchegante. O espaço semeia-se de conversas íntimas; o que fiz,o que tenho de fazer, tudo envolto numa correria sem sentido, desesperada e inconsolável.
De volta ao presente, afano-me no revolver do novelo do fim de semana, numa espera de coisa nenhuma ou de uma explosão surda. Arrebatamento contido. E sempre o dealbar do dia que tarda a acordar e que se revira em flashes doces de guloseimas maternais.
Depois esparso-me na fome de tudo, com sabor a nada.
Permeiam-se as sombras vestidas de receios, pintadas de grotescas formas e curvadas, cínicas, rindo, sórdidas da minha alma hesitante.
Já marcada por ventos e marés, presságios afinados, agri-doces, preparo-me para a entrega absoluta a quem de mim se fez, colhendo dos seus poucos anos um belo fruto que revitaliza a minha confiança e fortalece a minha luta!
Incrédula, por vezes me encontro. Não sonhei assim o Tempo.
É preciso ser gente, acordar e encontrar maré...

Nenhum comentário: