Nos dias de hoje, ser professor não é assumir uma vertente platónica em que, por atos valorosos - a nobre missão de ensinar - se vai contribuindo (qual gotinha de água) para a formação de seres individuais, capazes de através de suportes culturais suficientemente diversificados, estarem habilitados a serem parte integrante, ativa, de uma sociedade para a qual devem contribuir: pelo trabalho honesto, pela razão do gesto, pela intervenção lúcida na reivindicação dos seus direitos e o cumprimento das suas obrigações.
A classe especializada dos professores depara-se, neste momento, com o incumprimento do que lhes foi exarado no princípio de carreira; é agora, no meio ou quase fim da sua carreira que lhes cortam o vencimento, lhes retiram direitos adquiridos (subsídios), alteram as horas efetivas de lecionação e, lhes acenam com uma reforma, para a qual foram contribuindo ao longo da vida ativa, cada vez mais baixa e longínqua.
Se vivemos acima das nossas possibilidades, não fomos nós, os que trabalhamos e produzimos riqueza que contribuímos para isso. Não confundamos as coisas como panfletária e descaradamente a imprensa dominante assim maneja, ao sabor do poder instalado. A culpa desta derrapagem, crise, guerra económica é de quem não soube, ou não quiz, ou quiz edificar um país, e até uma europa cada vez mais incompetente, larápia, pois a riqueza está centrada na mão de meia dúzia de poderosos que desenvergonhadamente roubam o suor dos outros, a arraia miúda.
Se há crise, que a paguem os que a cavaram, aqueles que vegetam em lucros fáceis como as transações financeiras, em bolsas e outras.Os que se aproveitam de políticas desumanas, que atingem o aparelho produtivo, baixando os vencimentos, promovendo contratos a prazo, criando cada vez mais desemprego, sem que se aviste solução para o caos social em que vivemos.
Nós, os professores, também estamos em processo de despedimento.
As famílias estão doentes com estas situações de desespero, as crianças estão desorientadas, porque sem leme. É impossível suscitar vontade de aprender quando os nossos educandos vivem em famílias depauperadas. Resta-lhes a eles, a revolta, a falta de objetivos, a anarquia, a cedência e a morte social, pois a vida nada lhes reserva e, nós estamos primeiro na calha.